O ciclo do Pau-Brasil
O pau-brasil era a grande riqueza cobiçada na Europa em meados de 1500. Estima-se que mais de 70 milhões dessas árvores de madeira vermelha se espalhavam ao longo de 18 km da costa brasileira, desde o Rio Grande do Norte até a Guanabara. No entanto, quase todas foram derrubadas e levadas para o continente europeu em um frenesi de exploração desenfreada.
Para gerenciar a extração, a Coroa portuguesa adotou uma política de conceder direitos de exploração do pau-brasil a particulares, muitos dos quais eram cristãos-novos. Esses concessionários precisavam enviar navios para descobrir terras, estabelecer fortalezas por três anos e, depois, pagar tributos pelo que extraíam. A cena era quase cinematográfica: navios ancorando na costa, marinheiros desembarcando para recrutar índios e trocar pequenas mercadorias por trabalho no corte e no carregamento das toras, numa prática conhecida como “escambo”. Cada navio carregava cerca de cinco mil toras de pau-brasil, cada uma medindo 1,5 metro de comprimento e pesando cerca de 30 quilogramas.
A exploração desenfreada do Pau-Brasil
Em 1506, a produção anual já alcançava 20 mil quintais de madeira, vendidos por um preço alto em Lisboa. No entanto, os custos de transporte eram significativos. Comerciantes locais começaram a enviar embarcações para contrabandear pau-brasil, além de aves exóticas, peles e até índios para escravizar. Essas transações deram origem às primeiras feitorias.
Não demorou para que outros países europeus, especialmente os franceses, vissem a riqueza do Brasil e passassem a frequentar suas costas para contrabandear madeira e capturar índios. Isso gerou conflitos frequentes, levando Portugal a enviar expedições militares para proteger suas terras. No entanto, as tentativas de controle foram dificultadas pela vastidão do litoral e pela resistência local.
Em 1530, Martim Afonso de Sousa liderou uma expedição com o objetivo de explorar melhor o litoral, expulsar os franceses e estabelecer núcleos de colonização, como o de São Vicente em 1532, a primeira vila do Brasil.
A administração colonial portuguesa inicialmente arrendou as terras a agentes como Fernão de Noronha, mas logo assumiu o controle direto devido às incursões estrangeiras frequentes. Em 1516, foram criadas as “capitanias do mar” para proteger o monopólio de navegação e manter o mare clausum. Essas medidas foram fundamentais para garantir o controle português sobre o território.
Assim, o ciclo do pau-brasil não foi apenas uma exploração econômica intensa, mas também um período de conflitos e tentativas de colonização que moldaram profundamente o Brasil colonial.